Engenho de Dentro, casa de um patrimônio ferroviário quase esquecido
Depoimento de Bartolomeu Homem D´El Rei Pinto,
"O Museu do Trem, ou Casa do Patrimônio Ferroviário do Rio de Janeiro, completou, em 2016, 3 anos de sua reabertura. Tem por objetivo contar parte da história das ferrovias do Brasil e ficou fechado por dez anos – desde o início das obras do Engenhão, em 2003, até 2013. Com a extinção da Rede Ferroviária Federal em 2007, teve seu acervo direcionado ao Iphan.
Encontra-se numa área que pertenceu às Oficinas do Engenho de Dentro, local que, originalmente, tinha 248.000 m2. Esta área foi reduzida para +/- 7.000 m2, sendo que o restante foi utilizado para a construção do Estádio Olímpico Nilton Santos. O galpão principal do Museu abrigava a oficina de pintura dos carros de madeira.
Aqui o visitante verá a Baroneza ou Locomotiva Nº 1, a primeira locomotiva que circulou no Brasil. Poderá também visitar o interior de outros três vagões que marcaram épocas: o vagão do Imperador D. Pedro II; o vagão que foi usado pelo Rei Alberto da Bélgica na década de 20 e o famoso vagão do Estado, conhecido como Presidente Vargas, utilizado pelo então presidente Getúlio Vargas em suas viagens oficiais, além de outras peças relacionadas ao patrimônio ferroviário.
São atrações que atraem desde crianças a entusiastas do sistema ferroviário, inclusive estrangeiros - ingleses e japoneses, em sua maioria. Fabricada em Manchester, na Inglaterra, a peça que atrai mais interesse é a Baroneza, batizada assim em homenagem à esposa de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, e que serviu ao transporte da família real na época do Império.
Infelizmente, as reformulações promovidas para as Olimpíadas no estádio e seu entorno não beneficiaram o museu. A região do Engenho de Dentro permanece carente de atrações culturais, recreativas. Apesar das dificuldades, o Museu do Trem está aberto à visitação gratuita de segunda à sexta, das 10h às 16h, e fica na Rua Arquias Cordeiro, 1046."
Historiador e pesquisador do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Bartolomeu Homem D´El-Rei Pinto é diretor da Casa do Patrimônio Ferroviário do Rio de Janeiro e administra o Museu do Trem desde sua reabertura, em 2013.