Meu nome vem do bairro Estácio
Depoimento de Dominguinhos do Estácio,
"Meu nome vem do bairro. A escola também é Estácio, mas muito depois de mim. Utilizei esse nome em 1974, quando gravei meu primeiro disco, e a escola era Unidos de São Carlos até 1984. Nesse ano é que a escola resolveu trocar o nome para Estácio.
O São Carlos era um morro habitado por muitos portugueses. Não sou diferente disso, sou filho de português com uma pretinha do morro. Então nasci no último barraco lá do morro do São Carlos, e a minha chegada ao samba foi porque meu pai ia trabalhar e tinha mania de birosquinha - no morro o nome era tendinha - , e eu, garoto, ainda passei a tomar conta da tendinha depois que voltada do colégio. Ali rolava só samba, não existia droga, não tinha nada, valentia não existia, era um respeito incrível que o menino tinha pelo mais velho, aquilo ali era muito saudável.
Fui vivenciando aquilo ao longo dos anos, até que um dia me levaram para um bloco ali no Catumbi, chamado Bloco da Onça, e quando vi estava cantando. Quando foi 1974, tinha um cara que escrevia no extinto jornal Última Hora, chamado Roy Sugar, que resolveu escrever a contracapa do meu disco. Ele era famoso no jornalismo e perguntou qual era meu nome. Minha mãe me chamava de Dominguinhos, mas já tinha o Dominguinhos do Acordeon.
Ficou Dominguinhos do Estácio, porque eu pertencia à comunidade do Estácio. Foi assim que surgiu."
Depoimento de Dominguinhos ao livro "Vidas e Obras: Estácio, Cidade Nova e São Carlos", de Bernando Vilhena e Maurício Barros de Castro. Compositor, cantor e intérprete de sambas-enredos, Dominguinhos iniciou sua carreira na Unidos de São Carlos, na década de 1960. Desde então, utilizou sua voz para conquistar títulos em diversas escolas, entre elas a Estácio de Sá, agremiação do seu bairro que se tornou campeã em 1992, com Dominguinhos cantando na avenida Marquês de Sapucaí o enredo Pauliceia Desvairada.