O Rolé Carioca por quem foi a Bangu
Por Rolé Carioca,
Escutar as histórias do bairro onde vivem. Essa foi a intenção do casal Marilza dos Santos Pereira e José Carlos de Araújo ao caminharem com o RoléCarioca por Bangu na manhã do último domingo (29). Deficientes visuais, os dois foram guiados o tempo todo pela amiga Vânia Maria Cardoso de Araújo e acompanharam as explicações sobre cada ponto destacado pelos professores no bairro, começando pela antiga Fábrica Bangu, atual Bangu Shopping. “Lembro muito bem de escutar o apito que chamava os funcionários para o trabalho”, contou Marilza, que mora há mais de 50 anos em Bangu. “E olha que morava relativamente longe daqui, naquela época”.
Marilza e o marido, José Carlos, foram convidados para participarem de seu primeiro Rolé por Vânia, que hoje vive em Campo Grande e já pode ser considerada uma rolezeira. “Não perco um desde que uma amiga me chamou para o de Santa Teresa. Sou trilheira, faço sempre o caminho Japeri-Paracambi, mas quando é dia de Rolé, eu adio os outros compromissos”. O Rolé que mais a surpreendeu, até o momento, foi em Engenho de Dentro. “Sempre passei por ali e não achava um bairro bacana. Mas quando eu fui ali com o Rolé, fiquei apaixonada. Fomos de um lado do trem e do outro. Achei lindo, me chamou muito atenção”. Mesmo tendo residido no bairro na juventude, Vânia não tinha conhecimento dos acontecimentos e personagens de Bangu. “Se perguntarem: quem fazia arte aqui? Vou dizer: eu, rs. Mas não sabia nada mesmo. Não estudei, casei cedo, precisei cuidar da minha família. Quer dizer: sei muito pouco. Hoje em dia estou aprendendo e conhecendo o Rio através do Rolé.”
Para José Carlos, o mais incrível foi aprender sobre história na rua. “Lembro da época do colégio, quando aprendi história do Brasil... e hoje aprendi a de Bangu, que é o bairro onde estou residindo agora e desconhecia totalmente tudo que aprendi hoje! Adorei o passeio todo, na íntegra. Apesar de já me locomover bem no bairro, é como se estivesse em outro lugar, escutando histórias do meu próprio bairro. E bacana também essa convivência, reencontrar pessoas que já fizeram caminhadas comigo e com minha esposa. Não deixa de ser uma inclusão muito social". Marilza concorda: “Fiquei embevecida. Tanta coisa que não fazia ideia. Como Bangu tem história!”
Ao final do passeio, todo o aprendizado rendeu frutos. Marilza e José acertaram questões sobre o conteúdo abordado ao longo do Rolé e ganharam um par de ingressos para curtirem uma sessão de cinema.