Morador especialista em Madureira conta histórias do bairro
Por Rolé Carioca,
Apaixonado por Madureira, o professor Claudio Soares Neto seguiu o Rolé pelo bairro trajando orgulhosamente uma camiseta com os dizeres “#SouMadu”, presente de uma lojista do Shopping de Madureira. Além de ser morador da região há 40 anos - reside na Rua Clara Nunes - Claudio é formado em história pela Estácio e teve como orientadores os professores William Martins e Álvaro, guias do Rolé. Por essas razões, participou pela segunda vez do passeio – a primeira foi na visita guiada ao Museu Aeroespacial, no Campo dos Afonsos.
Uma das primeiras lembranças que ele tem do bairro fez parte do roteiro do Rolé: o entorno do Mercadão de Madureira. “Hoje em dia o comércio na rua está organizado, com as barracas padronizadas e a marcação no chão, mas nada era desse jeito antigamente. As pessoas chegavam e expunham suas mercadorias, traziam até galinha pra vender. Na década de 1970, meu avô era conhecido aqui como o “Antonio das Latas”, ele pegava latas de doce do atacado e transformava em latas para transportar água. Minha avó também vendia as laranjas do quintal dela, e lembro bem que esse local era chamado Magno – não Madureira.”
Claudio contou que, antes de decidir estudar história, trabalhou por muitos anos na área de tecnologia de segurança do trabalho. A entrada no curso da Universidade Estácio, disse ele, foi fundamental para mudar conceitos que tinha sobre religião, feminismo e movimentos de consciência negra. Hoje em dia, leciona no Educandário São Jerônimo, em Bento Ribeiro, e fala com entusiasmo das aulas que dá para alunos do 3º ano. No campus da Estácio de Madureira, o professor ainda é aluno do curso de geografia e pretende avançar para sociologia.
Às explicações dadas pelo Rolé, Claudio acrescentaria que a rua de onde partiu o passeio, perto de uma entrada do Parque de Madureira, era chamada Rua da Miséria. “Ali não havia calçamento, quando chovia sempre inundava, era ocupada por moradores de rua. Quando começaram as obras do shopping, houve uma melhoria. Um pouco mais à frente, era tudo quebrado e destruído. Agora deram uma melhorada, mas ainda é possível ver, no asfalto, problemas com o calçamento porque com a quantidade de veículos que transita ali é muito grande e volta e meia enche de buracos. Vale lembrar que o samba da Portela, antes de Madureira, teve origem em Oswaldo Cruz. A rua da quadra da escola é a divisa dos dois bairros: quem mora em Oswaldo Cruz, como eu, não paga IPTU, já em Madureira a taxa é alta. Também indico uma visita à galeria de pôsteres do bar Escritório da Portela, um estabelecimento muito antigo que passa de mão em mão, mas mantém ali um pouco da história da escola.”
Foi Claudio quem deu a dica em relação à “águia tímida” que está provisoriamente na fachada da quadra da escola, enquanto a antiga, de asas abertas, passa por restauro após danos causados pela chuva. Ele criou uma página no Facebook, História dá História, onde conta essas e outras histórias, confere lá!