Maracanã, guardião da história e da emoção do futebol
Depoimento de Guilherme Paletta,
"Minha história no Maracanã não começou em um clássico. Foi um Fluminense x Volta Redonda, talvez em 1984, eu devia ter uns 10 anos de idade e, pelo que lembro, o Flu ganhou de 2 x 0. Depois, fui a um Fluminense x Santos pelo Brasileiro onde o Flu ganhou também. A partir daí, o pai do meu amigo de prédio que me levara a essas duas partidas, junto ao meu amigo, passou a dizer que eu era pé quente e começou a me levar aos jogos. Nessa época, morava em Laranjeiras. Meu primeiro Fla x Flu foi no triangular final do Campeonato Carioca de 1985, onde o Flu ganhava por 1 x 0 até o último minuto quando um dos maiores laterais direitos da história do futebol brasileiro – Leandro do Flamengo - acertou um chute aos 45 minutos do 2º tempo, empatando o jogo. Foi a única vez que saí do estádio do Maracanã chorando. Tinha 11 anos e foi uma grande frustração. Entretanto, naquele ano, o Fluminense se consagraria tricampeão estadual.
Me mudei para o bairro do Maraca quando tinha 13 anos. Ficava bem próximo ao estádio, umas duas quadras, e passei a frequentar ainda mais os jogos, inclusive de outros times. A galera da rua jogava bola na rua e quando passava carro ou uma senhora na calçada gritava-se: “ Parou”. Joguei muito futebol na rua no bairro. Naquela época era calmo. O problema era levar queda no asfalto quente em uma eventual falta, rs
No Maraca me sinto em casa, amo aquele lugar. Vi a seleção brasileira ganhar várias partidas. Vi o Bangu jogar (e perder) para o Coritiba na final do Brasileiro de 1985. Assisti ao famoso “jogo da fogueteira” (Brasil x Chile em 1989). Pela Copa América de 1989, vi Bebeto marcar um golaço de voleio pela seleção brasileira e o Maradona meter uma bola no travessão, atirada do meio do campo. O gol mais lindo foi do centro avante do Fluminense (Washington) em 1987 pelo Campeonato Estadual sobre o Vasco.
O bairro do Maracanã influenciou minha vida acadêmica e consequentemente na minha vida profissional. Na região, estudei inglês no Ibeu da Moraes e Silva e muita matemática nas turmas de olimpíadas de matemática do Impacto. Essas disciplinas me ajudam até hoje a administrar um negócio próprio.
Por ali as coisas mudaram muito. A rua em que morei e jogava bola não permitiria mais essa prática pelo excesso de carros. Bem próximo dali ainda existe a empada da Salete. Aliás, esse restaurante/bar é tradicionalíssimo e existe há anos. Antigamente tinha uma loja de salgados, a Pituxinha, que encerrou os negócios. A Salete vale a pena, o chopp é gelado e a empada é boa."
O tricolor Guilherme Paletta, 44 anos, é gestor da E.T.T.FIRST, empresa de prestação de serviços relacionados a Recursos Humanos, co-patrocinadora da 6ª edição do Rolé Carioca. Mora na área do Maracanã desde 1987 e já perdeu as contas de quantos clássicos assistiu no estádio.