Paço Imperial, marco da preservação cultural brasileira
Da Associação Amigos do Paço Imperial,
No dia 7 de abril de 2018, celebrou-se os 80 anos de proteção do Paço Imperial (RJ), Patrimônio Cultural Brasileiro. O edifício foi tombado em 1938 pelo então recém-criado Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, sendo uma das primeiras construções a fazerem parte da política de proteção do patrimônio cultural brasileiro. O seu restauro, em 1985, foi um presente para o Rio de Janeiro, que teve de volta o mais representativo dos edifícios civis coloniais, construído em 1743, em frente ao antigo porto de chegada à cidade, hoje Praça Quinze de Novembro, na então chamada Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março.
O Paço Imperial tornou-se um centro cultural vinculado ao Iphan e recebeu tratamento multidisciplinar buscando a reabilitação das marcas do passado. Fragmentos e vestígios das construções foram surgindo, revelando as intervenções sofridas no interior do prédio. Alguns acréscimos foram eliminados, deixando a fachada mais aproximada à do tempo de Dom João VI. Pela sua importância histórica e estética, o edifício é o que melhor documenta aspectos da arquitetura portuguesa e brasileira anteriores à Missão Artística Francesa, de 1816.
Antiga residência do governador e do Vice-Rei no século XVIII, foi o centro das movimentações políticas e sociais da época, registrando importantes fatos históricos do Brasil Colônia, Real e Imperial. Entre eles, o Dia do Fico, a Abolição da Escravidão e a Proclamação da Independência do Brasil. Projetado pelo engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim e inaugurado em 1743, ocupa uma área de 2.940 m². A primeira planta em escala da cidade, feita em 1713, e os vestígios arqueológicos revelam que, neste sítio, também funcionaram a Casa da Moeda e o Armazém del Rei. Os livros registram, ainda, que no século XVIII, no mesmo espaço atualmente ocupado pelas lojas, trabalhava o melhor ferreiro da cidade. Com a chegada da Corte Portuguesa, o prédio foi promovido a Paço Real, local de despacho e da tradicional cerimônia do Beija-mão do Rei D. João VI, até a Independência do Brasil, quando passou a Paço Imperial. Após a Proclamação da República, entrou em curso o apagamento dos símbolos imperiais e o prédio tornou-se, então, a sede da Agência Central dos Correios e Telégrafos (1929 a 1975).
Uma visita ao Paço convida o visitante a passear pelos tempos, um lugar onde expressões do mundo atual dialogam com as referências do passado. A programação diversificada inclui exposições de artes visuais, arquitetura e design, espetáculos de artes cênicas, concertos musicais, seminários e palestras. Além dos espaços expositivos, a Biblioteca Paulo Santos abriga o acervo originário da coleção particular do arquiteto e historiador Paulo Santos.
Os recursos para a gestão da programação anual do Paço Imperial são captados através da Lei de Incentivo à Cultura ou por meio de doações e visam o fortalecimento da sua imagem e a ampliação de projetos que estabeleçam diálogos entre as artes visuais contemporâneas e o patrimônio artístico e histórico nacional.
A Associação Amigos do Paço Imperial, criada no dia 7 de junho de 1991, tem como objetivo zelar pela preservação do prédio do Paço Imperial, pelo seu uso para fins estritamente culturais e promover e/ou apoiar exposições, cursos, conferências, seminários, projeções de filmes e vídeos, espetáculos artísticos, concertos de música erudita e popular, lançamento de livros e publicações, bem como toda e qualquer outra atividade de natureza cultural.