Esse monumento foi erguido em 1900 para marcar os 400 anos da chegada dos portugueses ao território brasileiro. Esta construção possui um pedestal em granito e apresenta figuras em bronze de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha e Frei Henrique de Coimbra. O monumento celebra um evento que marcou o início de um processo colonial brutal e exploratório.
A religiosidade colonial negou a diversidade de cosmovisões e rituais que há entre os povos indígenas, que partem do princípio da profunda conexão com a natureza e o respeito aos espíritos ancestrais. Após o domínio dos territórios ancestrais, geralmente as igrejas eram construídas sobre aldeamentos ou paliçadas de resistência, como foi o caso da Igreja da Glória.
A Guerra das Canoas é descrita como um conflito entre franceses e portugueses, durante o qual São Sebastião aparece saltando de canoa em canoa para encorajar os portugueses cristãos. Ele se torna o santo padroeiro da cidade, frequentemente representado com flechas no corpo e amarrado a um poste, em uma analogia a Estácio de Sá, que foi morto por uma flecha envenenada lançada por Aymberê, um Tupinambá.
Desde a Independência do Brasil, prevaleceu a seguinte perspectiva: para existir um Estado-nação, primeiro era necessário instaurar uma unidade territorial, garantir um mesmo idioma, o Português, e estabelecer assim uma cultura comum. Logo, acreditava-se que era necessário civilizar os povos indígenas, considerados “selvagens”, de acordo com os parâmetros europeus. O Palácio do Catete, antiga sede da presidência da República, foi o local de grandes decisões políticas de governos para atender essas ideias.
Guanabara, que em tupi significa "seio do mar" ou "mama onde brota a água do mar", era uma vasta extensão que gerava e sustentava muitas formas de vida, desde seres humanos até a fauna e flora locais. O mar se estendia amplamente, encontrando os morros e colinas da Mata Atlântica. Antes dos processos de alagamento e aterro, existiam ao menos 127 ilhas na Baía de Guanabara. Esse local tinha uma aura encantada, refletida na mitologia tupinambá, onde a gûaîupîa, ou guajupiá, era um paraíso idílico, coberto de flores e banhado por um rio magnífico, com uma terra exuberante e árvores nas margens.
No território tupinambá da Guanabara, havia pelo menos 84 tabas (aldeias, em tupi), cada uma com nomes distintos. Cada taba possuía de 7 a 8 malocas (casas comunitárias), abrigando cerca de 500 a 600 pessoas. A Ilha de Paranapuã (atualmente Ilha do Governador) era habitada pelos temiminós, que, apesar de compartilharem algumas semelhanças culturais com os tupinambás, eram seus rivais. Os temiminós se aliaram aos portugueses após serem deslocados de suas terras pelos tupinambás com o apoio dos franceses. No entanto, até aquele momento, a rivalidade entre grupos indígenas não envolvia o extermínio dos adversários, ao contrário das práticas coloniais europeias.
No século XVI, um escritor francês relatou a existência de uma aldeia tupinambá chamada Karióka em uma das fozes do rio, que se tornou o principal responsável pelo abastecimento de água da cidade. Denominado então rio carioca, foi fundamental para a nossa sobrevivência. O seu corpo hídrico tem nascente na Floresta da Tijuca, mas hoje a maior parte se encontra aterrada.
Valiosa e rara peça da cultura material dos povos indígenas, o Manto Tupinambá - indumentária que apenas um grande Morubixaba ou o Pajé poderia ter o direito de usar -, no início da colonização, foi levado por viajantes europeus e permaneceu por mais de 400 anos no Museu Nacional da Dinamarca. As penas que adornam o manto são de um pássaro chamado guará. Em setembro de 2024, retornou definitivamente ao Brasil para integrar a coleção do Museu Nacional no Rio de Janeiro. Onze mantos Tupinambá estavam em posse de museus na Europa e apenas um voltou para nossa terra;
Idealizado pela pesquisadora Suellen Tobler, o Nheengatu App é um aplicativo dedicado ao ensino de línguas indígenas. Oferece uma maneira interativa de aprender o Nheengatu, uma língua que já foi a mais falada na região amazônica. Ao todo, o aplicativo conta com diferentes exercícios: memória, seleção de palavras, formar pares, escrever, completar e selecionar frases. Disponível desde 2021, já é usado em escolas indígenas e inspira outros projetos semelhantes.
A Aldeia Maracanã Vertical, situada na Rua Frei Caneca, 441, Bloco 15, Estácio, é um espaço pluriétnico fundado em 2015. Resultado da remoção dos indígenas da Aldeia Maracanã, em 2013, o prédio foi construído pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”. Abriga famílias de diversas etnias, promovendo cultura e direitos indígenas. A comunidade mantém uma horta comunitária, integrando indígenas e não indígenas.
O "marco temporal", em constante discussão no cenário político, é uma proposta de restrição aos direitos territoriais dos povos indígenas no Brasil. Sugere que apenas as terras que estivessem sob posse indígena desde a data da Constituição de 1988 sejam reconhecidas. Essa proposta ignora a história de deslocamento forçado e invasões que sofreram desde a colonização.