Biografias exploram a contribuição de Santos-Dumont para a aviação
Por Rolé Carioca,
Os próximos roteiros do Rolé Carioca, pelo Museu Aeroespacial e em Petrópolis, se cruzam em uma personalidade brasileira reconhecida por sua inventividade: o pioneiro da aviação Alberto Santos-Dumont (1873-1932). Se no Campo dos Afonsos veremos uma réplica do 14-Bis e o coração preservado do aviador, uma das atrações da cidade serrana é a casa museu onde residiu em Petrópolis, curiosa por uma série de soluções criativas feitas sob medida pelo visionário.
Mais de 3 dezenas de biografias já foram lançadas sobre o brasileiro, que nasceu na fazenda Cabangu, em Minas Gerais, e virou parisiense de adoção. Uma introdução às criações do inventor passa pelos livros que ele mesmo escreveu: "Os meus balões (Dans l’air)", lançado originalmente em 1904 e que versa sobre sua experiência aérea entre 1898 e 1903, e "O que eu vi, o que nós veremos", de 1918, com algumas menções à sua infância e juventude.
Entre os biógrafos brasileiros de Santos-Dumont, um especialista é o doutor em física e pesquisador do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) Henrique Lins de Barros, que publicou as obras "Santos Dumont: o homem voa" (2000), "Santos- Dumont e a invenção do vôo" (2003) e "Desafio de voar: brasileiros e a conquista do ar" (2006). Barros defende que a contribuição de Santos-Dumont foi fundamental para estimular o desenvolvimento da aeronáutica, por ter dado a chave da decolagem e executado o voo do 14-Bis, em 1906, publicamente. Ainda que não tenha realizado o primeiro voo motorizado bem-sucedido - mérito dos americanos Orville e Wilbur Wright, em 1903 - o primeiro avião a ser produzido em série na história foi uma invenção de Dumont: o Demoiselle, de 1907, que teve seu projeto distribuído gratuitamente pelo brasileiro.
Já em "Alberto Santos Dumont: Novas Revelações" (2009), o jornalista Cosme Degenar Drumond apresenta uma faceta amorosa e esportista do aviador, que também foi esgrimista, piloto de corrida e juiz de tênis. Faz ainda relevações sobre os efeitos da doença que teria debilitado precocemente Santos-Dumont.
Outros aspectos da vida pessoal do aviador e de sua personalidade controversa estão no livro "Asas da Loucura - a Extraordinária Vida de Santos-Dumont" (2003), do americano Paul Hoffman, que foi editor da revista científica Discover. A partir de uma pesquisa abrangente, o autor apresenta a ideia que Santos-Dumont nunca patenteou suas invenções porque acreditava em uma espécie de espiritualidade aérea, que a experiência de voar podia mudar a vida das pessoas. Para o americano, o inventor teve uma vida pessoal solitária e conflituosa, possivelmente também por ser homossexual. No final, acreditava sinceramente que os aviões seriam um instrumento da paz e de aproximação de culturas, e cometeu o suicídio por não entender como sua invenção foi responsável por tamanha destruição como instrumento de guerra.
A repercussão da morte do aviador serviu de inspiração para o autor holandês Arthur Japin escrever "O Homem com Asas" (2016). O romance histórico policial se desenvolve a partir da imagem trágica e também poética de sua morte: o coração de Santos-Dumont foi retirado e embalsamado por um médico legista para analisar a causa mortis, e, até hoje, não descansa, separado de seu corpo.
"Os meus balões (Dans l’air)" Alberto Santos-Dumont (1904)
"O que eu vi, o que nós veremos" Alberto Santos-Dumont (1918)
"Santos Dumont O Homem Voa!" Henrique Lins de Barros, 63 págs., Ed. Contraponto (2000)
"Santos- Dumont e a invenção do vôo" Henrique Lins de Barros, 190 págs., Ed.Zahar (2003)
"Desafio de voar: brasileiros e a conquista do ar" Henrique Lins de Barros, 216 págs., Ed. Metalivros (2006)
"Alberto Santos Dumont: Novas Revelações" Cosme Degenar Drumond, 296 págs., Ed. Cultura (2009)
"Asas da Loucura - a Extraordinária Vida de Santos-Dumont" Paul Hoffman, 413 págs. Ed. Ponto de Leitura (2003)
"O Homem Com Asas" Arthur Japin, 288 págs. Ed. Planeta (2016)