Jardim Botânico, inspiração para a música de Tom Jobim
Depoimento de Georgina Staneck,
Toda a obra de Antonio Carlos Jobim (1927-1994) é inspirada na Mata Atlântica. Tom Jobim acreditava que o brasileiro deveria se orgulhar por ter o único país do mundo com nome de árvore. “Águas de Março”, “Água de beber”, “Boto”, “Chovendo na Roseira”, “A Correnteza”, “Matita Pere”, “Sabiá” foram algumas das composições influenciadas pela fauna e flora desse bioma.
O Jardim Botânico, nas fraldas da Floresta da Tijuca, era o local de seus passeios matinais, aonde buscava inspiração para sua obra. Especialmente, costumava visitar a Sumaúma localizada no arboreto do Jardim Botânico, e que hoje tem uma placa em sua homenagem.
Tom adorava o mato, passarinho, tinha os pios de madeira em cima do piano. Conhecia o nome popular, científico e a origem tupi-guarani de algumas plantas. Chico Buarque contou que faziam uma disputa de descobertas etimológicas pelas plaquinhas que identificam as espécies no Jardim Botânico.
Como Tom dizia, o Rio de Janeiro é uma cidade feliz por ter uma joia como a Floresta da Tijuca: “uma floresta dentro da cidade que é a maior mata urbano do mundo, cheia de cachoeira, de água, de flor, de tudo“.
Para preservar e tornar público o acervo do compositor, o Instituto Antonio Carlos Jobim foi criado em 2001, dentro do Jardim Botânico, também para desenvolver projetos educativos sobre ecologia e artes em geral.
Além de se dedicar à conservação da obra de Tom Jobim, o IACJ usa a metodologia desenvolvida para disponibilizar via WEB os acervos de Dorival Caymmi, Chico Buarque, Gilberto Gil, Lúcio Costa, Paulo Moura, Milton Nascimento. Essa foi uma decisão importante na orientação dos objetivos do Instituto tendo como objetivo o estimulo à preservação da natureza e da memória da cultura brasileira de uma época.
Os acervos catalogados podem ser acessados via Web no site www.jobim.org que tem em média 1200 consultas semanais. Em geral, os pesquisadores solicitam partituras, fotos, textos sobre e dos artistas que irão participar de discos, concertos, exposições, no Brasil e no mundo. O acervo do IACJ foi intensamente consultado nas atividades realizadas para comemoração dos 60 anos da Bossa Nova e da canção “Chega de Saudade”.
O IACJ atende pesquisas sobre o compositor e outros artistas que participam do site e direciona os pesquisadores dos outros artistas para as instituições responsáveis. Elaboramos projetos que visam a divulgação da obra de Tom Jobim. No momento, estamos iniciando um projeto que prevê a atualização do site e a revitalização do espaço físico no Jardim Botânico.
Georgina Staneck é coordenadora do Instituto Antonio Carlos Jobim